Um novo estudo clínico revelou informações inovadoras sobre os efeitos da administração intravenosa de drogas em comparação com a administração oral. A pesquisa, liderada por cientistas do Instituto Nacional de Abuso de Drogas (NIDA) e do Instituto Nacional de Abuso de Álcool e Alcoolismo (NIAAA), ambos parte dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH), demonstrou que certas regiões cerebrais, conhecidas como "rede de saliência", são ativadas apenas após a administração intravenosa de uma droga.
Há muito tempo sabemos que as drogas que atingem o cérebro rapidamente, como por meio de injeção ou fumo, são mais viciantes do que quando ingeridas oralmente. No entanto, os circuitos cerebrais subjacentes a essas diferenças não eram bem compreendidos. Este estudo oferece novas informações que ajudam a explicar o que pode estar causando essa diferença significativa.
Publicado na revista Nature Communications, o estudo envolveu a realização de imagens simultâneas de PET e fMRI em um ensaio clínico duplo-cego, randomizado e contrabalanceado. Vinte adultos saudáveis participaram do estudo, recebendo doses pequenas de placebo ou do estimulante metilfenidato, conhecido como Ritalina, oralmente ou por via intravenosa em três sessões separadas.
O metilfenidato é um medicamento seguro e eficaz usado para tratar o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Para fins de pesquisa, o metilfenidato pode ser um modelo útil para estudar com segurança a relação entre o efeito das drogas no cérebro e a experiência subjetiva de recompensa da droga.
Após a administração do medicamento ou placebo, os pesquisadores observaram as diferenças nos níveis de dopamina (por meio de imagens de PET) e na atividade cerebral (por meio de imagens de fMRI), enquanto os participantes relatavam sua experiência subjetiva de euforia em resposta à droga. A varredura de PET forneceu uma estimativa de quão rápido a dopamina aumentou no cérebro em resposta às diferentes administrações de drogas.
Conforme mostrado por pesquisas anteriores, este estudo demonstrou que quando os participantes receberam metilfenidato oralmente, o aumento da dopamina atingiu o pico mais de uma hora após a administração. Em comparação, quando os participantes receberam uma injeção intravenosa de metilfenidato, o aumento da dopamina atingiu o pico muito mais rápido, entre 5 e 10 minutos após a administração.
Por meio das imagens de fMRI, os pesquisadores observaram que uma região cerebral, o córtex pré-frontal ventromedial, estava menos ativa após a administração oral e intravenosa da droga em estudo. No entanto, duas outras regiões cerebrais, o córtex cingulado anterior dorsal e a ínsula, que fazem parte da rede de saliência do cérebro, foram ativadas somente após a administração intravenosa do metilfenidato, que é a rota de administração mais viciante. Essas mesmas áreas do cérebro não foram ativadas após a administração oral do metilfenidato, que possui um potencial menor de causar dependência. Esse achado foi consistente em todos os 20 participantes da pesquisa.
A rede de saliência atribui valor às coisas em nosso ambiente e é importante para reconhecer e traduzir sensações internas, incluindo os efeitos subjetivos das drogas. Essa pesquisa acrescenta-se a um conjunto crescente de evidências que documentam o papel importante que a rede de saliência parece desempenhar no uso de substâncias e no vício. Estudos anteriores demonstraram, por exemplo, que pessoas que sofrem danos na ínsula, parte da rede de saliência do cérebro, podem ter uma remissão completa de seu vício.
Neste estudo, os pesquisadores também solicitaram que os participantes acompanhassem a experiência consciente em tempo real da recompensa ou euforia da droga em resposta às doses oral e intravenosa do medicamento. Após receberem a droga por via intravenosa, os pesquisadores notaram que a atividade e a conectividade da rede de saliência, observadas por meio de imagens de fMRI, estavam intimamente relacionadas à experiência subjetiva de euforia relatada por quase todos os participantes. Quando a atividade do cérebro aumentava nessa parte da rede, os relatos de sensação de euforia aumentavam. Quando a atividade do cérebro diminuía na rede de saliência, os relatos de sensação de euforia diminuíam. Os pesquisadores teorizam que a rede identificada neste estudo é relevante não apenas para a ação química da droga, mas também para a experiência consciente da recompensa da droga.
Os autores observam que o próximo passo importante dessa pesquisa será estudar se inibir a rede de saliência quando alguém toma uma droga bloqueia efetivamente a sensação de euforia, o que poderia apoiar ainda mais a rede de saliência como um alvo adequado para o tratamento de transtornos relacionados ao uso de substâncias.
Esses achados fornecem uma nova compreensão sobre os efeitos da administração de drogas no cérebro e podem ter implicações significativas no desenvolvimento de intervenções de prevenção e terapias para transtornos relacionados ao uso de substâncias. A pesquisa contínua nessa área é crucial para enfrentar a crise de overdose e melhorar a qualidade de vida das pessoas afetadas por esses transtornos.
Para mais informações sobre programas de tratamento de saúde mental e dependência química em sua região, ligue para a Linha Nacional de Ajuda gratuita e confidencial 1-800-662-HELP (4357) ou visite www.FindTreatment.gov.
Referência: P Manza, et al. Neural circuit selective for fast but not slow dopamine increases in drug reward. Nature Communications. DOI: 10.1038/s41467-023-41972-6 (2023).
Sobre o Instituto Nacional de Abuso de Drogas (NIDA): O NIDA é uma divisão dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH), Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos. O NIDA apoia a maioria das pesquisas mundiais sobre os aspectos de saúde relacionados ao uso de drogas e vícios. O instituto realiza uma variedade de programas para informar políticas, melhorar práticas e avançar a ciência do vício. Para obter mais informações sobre o NIDA e seus programas, visite www.nida.nih.gov.
Sobre os Institutos Nacionais de Saúde (NIH): O NIH, agência de pesquisa médica dos Estados Unidos, inclui 27 institutos e centros e é uma divisão do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos. O NIH é a principal agência federal responsável pela condução e apoio à pesquisa médica básica, clínica e translacional, investigando as causas, tratamentos e curas para doenças comuns e raras. Para obter mais informações sobre o NIH e seus programas, visite www.nih.gov.
Sobre os transtornos relacionados ao uso de substâncias: Os transtornos relacionados ao uso de substâncias são condições crônicas tratáveis das quais as pessoas podem se recuperar. Em 2021, mais de 46 milhões de pessoas nos Estados Unidos tiveram pelo menos um transtorno relacionado ao uso de substâncias. Esses transtornos são definidos, em parte, pelo uso contínuo de substâncias apesar das consequências negativas. Eles também são condições recorrentes, nas quais períodos de abstinência (não uso de substâncias) podem ser seguidos pelo retorno ao uso. O estigma pode fazer com que pessoas com transtornos relacionados ao uso de substâncias sejam menos propensas a procurar tratamento. O uso de linguagem adequada pode ajudar a relatar com precisão o uso de substâncias e o vício. Consulte o guia online do NIDA para obter mais informações.
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Tradução feita com base no comunicado de imprensa fornecido pelo Instituto Nacional de Abuso de Drogas (NIDA).